Viva a Sociedade Philarmônica RioClarense


João Baptista Pimentel Neto*

Pimentel em LisboaPela rede fiquei sabendo agora a pouco que o Prefeito Dú Altimari pretende preservar e recuperar o prédio da centenária Sociedade Philarmonica RioClarense. Segundo a notícia, o Dú já teria assinado decreto declarando o centenário prédio como de utilidade pública para fins de desapropriação. Tudo devidamente publicado no Diário Oficial do Município desta semana.

Fiquei feliz e preocupado…

Feliz com a iniciativa! Mais que justa, louvável!

Sociedade Philarmônica Rioclarense
Localizado na Rua 5, esquina com a Avenida 5, o imóvel centenário poderá se transformar em mais um pólo público de cultura e lazer, Foto Cidade Net

E, para ser sincero até comigo mesmo, lembrei que não sei se foi ainda ontem ou anteontem, que numa destas passagens obrigatórias pela frente do prédio para quem caminha pelo centro histórico de Rio Claro, fiquei meio deprimido ao por ali passar.

Putz! Senti parte das minhas estórias – e também da História da cidade  – completamente abandonada. Fiquei triste. Mais que isso, como já disse, deprimido!

E foi como em um filme em preto e branco. Na tela um tanto das coisas que vivi aquele prédio. Quantas “estórias” de infância e juventude! Tabuleiros, peças de marfim. Adoráveis tardes e noites de xadrez sob a orientação e o olhar carinhoso da Dona Lola Curcio!

As noites de sexta, de sábado! Brincadeiras dançantes! Amores e desamores! Algumas infelizes brigas entre amigos! Carnavais! Dentro e fora dos salões! Carros alegóricos!

Audições e saraus! Aniversários, casamentos, bodas! Um sem número de celebrações históricas e cívicas! Política e políticos!

Juventude, xadrez, Dona Lola Curcio e a Philarmônica Rioclarense. Tudo a ver!
Juventude, xadrez, Dona Lola Curcio e a Philarmônica Rioclarense. Tudo a ver!

Enfim, impossível não reconhecer que boa parte das minhas estórias juvenis e da História da cidade passou por ali!

Lembrei também que, infelizmente, o Casarão que existia defronte virou Lojas Cem! E daí, nada contra as Lojas Cem. Mas com certeza sempre fui muito mais a favor da preservação daquele belo Casarão, que como tantos outros foi literalmente ‘tombado”. Mas não consegui lembrar bem do porque!

E continuando a caminhar fiquei pensando e remoendo sobre o quão pouco resta do patrimônio histórico e arquitetônico RioClarense. Afinal, resta tão pouco. Um quase nada. Quase tudo derrubado em nome do tal “progresso”. Que aliás, cá entre nós, não necessitava de tanta destruição para ser conquistado! E que por conta disso, acabou dilapidando os alicerces da história e da memória da cidade.

E conclui comigo mesmo que talvez já estivesse passando da hora de alguém tomar uma atitude para preservar o prédio e a memória da Phila. E decidi ligar pro Tavinho Chiosi, para sondar sobre a quantos ia a velha Phila. Depois  passou, esqueci…Nem liguei pro Tavinho…

Mas a vida é mesmo incrível, né não e hoje recebo esta notícia que realmente me deixou feliz e que por conta das circunstâncias, recebi como mais um dos tantos presentes de aniversário que estou recebendo hoje!

Porém e como nada é mesmo perfeito, como registrei no início deste texto, a notícia também acabou me deixando preocupado.

E esclareço: Fiquei preocupado após ler numa das notícias publicadas, informações que considerei – no mínimo – um tanto quanto enviesadas. Informações pouco elogiosas e nada positivas, pelo contrário, agressiva,s quase grosseiras e, o que é pior, pouco esclarecedoras, já que escancarada e subliminarmente levanta suspeitas sobre a iniciativa, tratada logo no título como sendo apenas uma “ação entre amigos”.

Tal fato chamou minha atenção e imediatamente fui ler a tal matéria, e daí, como diria minha “sobrinha”…aí, aí, aí…pipoca doce…

Além de preocupado, fiquei chateado, aliás, mais que isso fiquei irritado, já que constatei que a matéria não esclarecia as tais “suspeitas”, nem apontava ou dava ao menos uma pista, sobre quem seriam “os tais amigos” que supostamente seriam beneficiados.

Foi neste contexto – experimentando um misto de felicidade e preocupação – que decidi  escrever este artigo e, desde logo, além de registrar e tornar públicos meu apoio a esta iniciativa governamental, solicitar que caso existam mesmo justificativas – morais, culturais, políticas e econômicas – que legitimem e fundamentem oposição, que sejam elas, em meias palavras ou subterfúgios tornadas públicas.

Assim que me desculpem os que pensam e se colocam contrários à preservação e revitalização não só do prédio, mas da própria entidade, nossa centenária Sociedade Philarmônica Rioclarense, mas jornalista e militante da cultura que sempre fui, não poderia deixar de prontamente manifestar meu apoio a esta iniciativa do Dú.

Mesmo que os cofres municipais estejam mesmo, como se afirma, hoje vazios.

Pois se esta é a única justificativa contrária a medida, é no mínimo muito frágil, já que estou certo que os recursos necessários a sua implementação, além de ínfimos – quando confrontados com a importância histórica que representa esta ação – nem precisam necessariamente serem bancados pelo poder público. E, neste sentido, eu poderia desde já elencar várias opções.

Portanto, penso e acredito que não só esta, mas toda e qualquer ação que objetive preservar o pouco da memória histórica, social, cultural, afetiva, enfim, coletiva, que ainda resta nas mentes e corações de várias gerações de RioClarenses merece apoio. Ou pelo menos o meu apoio!

E faço questão de parabenizar o Dú pela iniciativa!

MEMÓRIA VIVA PEDRINHO
Pela preservação da memória. Um Viva à Sociedade Philarmonica RioClarense.

Finalizando, penso que desde já preciso solicitar especial desculpas e também agradecer ao amigo que escreveu a tal matéria que me trouxe tais preocupações. A ele, que sempre foi um baita parceiro na defesa das causas e do fortalecimento das práticas que valorizam a cultura da nossa Rio Claro, peço publicamente que reveja seu entendimento sobre o tema. E se junte aos que como eu receberam a notícia com a expectativa de que a intenção registrada no decreto do executivo municipal, se transforma rapidamente em realidade.

A iniciativa é boa e positiva. O rumo está correto, o caminhos foi aberto e o primeiro passo dado. Agora é preciso caminhar…De preferência todos juntos e buscando o mesmo objetivo.

Viva a Sociedade Philarmonica Rioclarense!

* João Baptista Pimentel Neto é jornalista, produtor, consultor e gestor cultural, presidente do CBC – Congresso Brasileiro de Cinema, secretário geral e editor da Revista Diálogos do Sul e blogueiro inveterado.

Em tempo: Procurei na rede – busquei muito – imagens antigas ou mesmo atuais e textos sobre a história da Phila. Tudo em vão. Assim sugiro ao pessoal do Arquivo Municipal que em sintonia com a proposta da executivo, realizem uma pesquisa, digitalizem e disponibilizem no sítio da autarquia, pelo menos as informações básicas sobre a fundação e fundadores, e algumas imagens históricas. Tenho certeza que não será tarefa das mais difíceis.

 

 

 

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